
Acompanhamos o nascimento do personagem-titulo, ainda sem o dispositivo de fala acionado, mas ja exalando coragem e atitude.
O numero nas costas o identifica, o que indica que ele nao e o unico brinquedo da mesma natureza a ter adquirido vida.
Logo na sua primeira incursao pelos terrenos devastados da regiao, 9 conhece 2, boneco bem mais velho e experiente do que ele, assim como uma grande maquina cheia de garras e de furia sem igual.
Ambos sao atacados e 2 acaba sendo capturado pela chamada “Fera”.
Posteriormente, os caminhos o levam a esbarrar com 5, 1, 8 e 6, que podem ser caracterizados, respectivamente, como o amigo, o lider prepotente, o “bruta-montes” e o louco.
Ansioso para tentar recapturar 2, numero 9 e contido temporariamente por 1, que procura alerta-lo sobre o mundo em que esta vivendo: a guerra entre homens e maquinas destruiu a todas as representacoes de vida na Terra, deixando apenas escombros e corpos, alem de um ceu eternamente escuro.
A unica maquina que resistiu foi justamente aquela que eles vao perseguir nos proximos dias. Mas, em vez de apenas destrui-la, os bonecos fazem nascer acidentalmente uma outra ainda maior, capaz de mata-los em questao de segundos.
Apenas a revelacao do passado de 9 pode salva-los do exterminio e o planeta do dominio das maquinas.
O que mais impressiona em “9” e a direcao segura de Shane Acker.
Mesclando cenas lentas de escassos dialogos com eletrizantes sequencias de acao, o cineasta impoe um ritmo irresistivel para a narrativa, sempre se utilizando da otima trilha sonora composta por Deborah Lurie, a qual conta ainda com temas de Danny Elfman, tradicional parceiro de Tim Burton.
Se falta um pouco de imaginacao para desenvolver criativos cenarios sombrios, sobra intensidade.
As panoramicas dao o tom, sempre focando a paisagem devastadora do territorio.
No total, sao cerca de seis embates entre bonecos e maquinas durante o longa-metragem, crescendo em qualidade a medida que acontecem.
No entanto, sao duas cenas poeticas as melhores de todo o filme.
Na primeira delas, os personagens principais festejam a vitoria de uma batalha ao som de “Somewhere Over The Rainbow”, enquanto o vilao ressurge das cinzas, voltando a ataca-los.
O contraste entre felicidade e horror da o tom em uma das sequencias mais belas que vi em uma animacao nos ultimos anos.
Na segunda, a fita revela a sua real intencao ao falar das tematicas amizade e morte de maneira madura e arrebatadora, mantendo o desfecho original do curta-metragem, mas deixando-o incrivelmente mais atraente.
Assim, o carisma dos personagens principais de “9” domina as telas, comprovando que nao e necessario ter seres humanos com suas faces expressivas para se criar uma empatia com o publico.
A versao original do filme conta ainda com otimas dublagens, com destaque para o trabalho dos experientes Christopher Plummer e Martin Landau, por mais que nao interpretem os melhores personagens.
Completando o elenco de dubladores, temos tambem Elijah Wood, John C. Reilly e Jennifer Connely, como a unica mulher da trupe, responsavel pela voz da aventureira 7.
Com um desfecho que da esperanca para o fim do apocalipse e o ressurgimento de vida na Terra, “9 – A Salvacao” conquista pela direcao engenhosa de Shane Acker, cria uma historia atraente e tocante.
Por mais que o padrao de criatividade Tim Burton nao seja mantido, vale a pena conferir a ousadia de um diretor estreante em longas que ja debuta realizando animacao para os mais “crescidinhos”.
Nota:9,0
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