
O mundo futuristico retratado aqui e, recheado de implicacoes morais das mais interessantes, vai construindo uma realidade palpavel e subversiva.
Toda aquela atmosfera inicial pungente, porem, incontestavel em qualquer grande filme de ficcao-cientifica, e quase totalmente desperdicada quando o longa aciona o piloto automatico.
Dai em diante, e ladeira abaixo.
E, ate o desfecho, o maximo que pode ser extraido da obra e diversao gratuita, o que e frustrante para um projeto que, em sua meia-hora inicial, provocava os mais sensacionais dos questionamentos em seu detalhamento sobrio de um futuro desumano.
O filme e baseado na graphic novel de Robert Venditti e Brett Weldele, e traz em seu enredo uma especie de conto futuristico que lembra muito os trabalhos realizados pelo mestre do genero Philip K. Dick, que por sua vez ja foi exaustivamente adaptado para os cinemas.
Os creditos iniciais do longa situam o espectador na historia: com o avanco tecnologico, foi engenhada uma forma para que os humanos se protejam do mundo de fora.
Foram criados clones roboticos que, podendo ser controlados por dentro do conforto de casa pelos humanos, funcionariam como substitutos dos mesmos ao encarar o mundo de fora.
Os robos surgem como representacoes perfeitas dos mesmos, personalizados mediante a situacao financeira do ser, e comecam a popular um mundo em que o crime, o medo e a dor deixam de existir.
Isso explicado, a trama de “Substitutos” engrena quando o primeiro assassinato em muitos anos abala o departamento de policia.
Somos introduzidos entao ao detetive Tom Greer (Bruce Willis), que lidera a investigacao do crime que, em sua intensidade, pode provocar consequencias devastadoras para a utopia que vem sendo idealizada com o surgimento dos substitutos.
Ai o longa entra no automatico, e da para saber certinho o que ira acontecer na proxima cena.
Uma pena, ja que o filme poderia ser uma grande obra, se amarrase certinho as pontas.
Um divertimento passageiro e nebuloso, sem uma composicao conclusiva ou mensagem provocativa.
Com o material que tinha em maos, e um filme que deveria mandar o espectador para fora arrepiado.
Mas, com sua falta de ambicao, se contenta com seus belos efeitos especiais e otimas sequencias de acao , diluindo o que poderia ter sido uma discussao eletrizante sobre o valor da humanidade e o desgaste de um mundo afundado na perdicao da tecnologia.
O que “Substitutos” falha em desenvolver, a animacao “Wall-E” incitou em meros minutos.
Vale por ser bonito, agitado, mas daqui a uns meses ninguem vai se lembrar mais.
Nota - 6,5
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